2020 o fim.
Eu tenho tido o hábito de todo final de ano fazer uma reflexão sobre as coisas que aprendi pelo caminho. Comecei esse ano muito bem acompanhada com minha família e amigos no Brasil, sol e calor (delícia 😎). Reconectando com tudo aquilo que sou e de onde eu vim.
Chega março e o mundo para. Lembro-me de ser uma das primeiras a pegar o meu computador no escritório e ir pra casa sem saber quando iria voltar. Pois voltei, agora em novembro para buscar os potinhos das flores que morreram.
De lá pra cá, momentos de tensão onde eu atualizava os números pelo site worldmetrics a cada 1h. O medo quando chegou ao Brasil e como seria o suporte que o governo iria dar. As piadas que ouvi “essa pandemia só pega quem é chique e viaja pela Europa”. Os sintomas mild (leves), a mutação do vírus, a falta de testes, a falta de informação em meio a muita desinformação. O confinamento e a convivência 24h.
Vivemos ou sobrevivemos um momento único da história. Porém triste, muito triste.
Foi também em meio a essa pandemia que vi muitas lutas e vozes serem ouvidas. Reaprendendo comportamentos, reavaliando a minha própria história e criação dentro de uma sociedade que, historicamente justifica seus atos sem enxergar o quanto estamos todos presos em nossas crenças limitantes.
Foi triste refletir sobre racismo, educação e representatividade. Triste no sentido de que ainda temos muito a aprender e mudar. ‘Temos’, pois 'nós' fazemos todos parte dessa sociedade que constrói a história do agora. Foi doloroso pensar em quantas vezes nós mulheres somos assediadas no Brasil, isso desde crianças. Foi absurdo ver a religião ir contra o bem estar de uma criança inocente. E sem falar nos absurdos que tivemos que ouvir dos nossos líderes.
Acho que mais do que nunca esse foi o ano da empatia. Do respeito, do entender e aceitar que vivemos todos em realidades diferentes. Onde a dor do outro pode não ser a sua, mas ainda dói. Foi um ano onde tivemos tempo para ler, se informar, parar e pensar. Um ano tão turbulento que nos forçou a crescer e amadurecer. Virar um pouco mais um ser humano e sair da ignorância que nos cega.
2020 não tem mais como ser cancelado. Sorry, já era. E o que é que nós vamos fazer com o que aprendemos. Finalmente aceitar que precisamos mudar, começando por nós mesmos e nossos pensamentos. Fazer a mudança acontecer ao nosso redor e sem precisar de discursos públicos. Aos pouquinhos, um passo de cada vez, assim seguimos.
Talvez, para alguns esse ano tenha sido um triste fim. Mas para outros seja apenas o começo.
Fica aqui o meu desejo pra mim e pra você: que a gente consiga ser mais humano na história que vamos criar daqui pra frente. ❤️
📄 Mi
📷 Pedro Luis Raota, 1968.
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